domingo, 29 de janeiro de 2012

Meus Chapas,

Confesso que, desde o início da disciplina, que pergunto a mim mesmo (baixinho, não se vá ouvir), o que significará a Sociologia da Cultura. Ora, diz-me esta cultura da sociedade modernista, que a internet é a chave para todas as perguntas e que, o Sr. Google é, nos dias que correm, o Sócrates mais sábio do mundo. Nem mais. A Sociologia da Cultura compreende o conhecimento das diferentes definições sociológicas do conceito de cultura. Boa! Para além disso, é capaz de reconhecer diferentes conceitos de cultura em utilizações sociológicas reais. Perfeito! Ainda por cima, tem a capacidade de problematizar, investigar e descrever aspectos dos fenómenos sociais usando diferentes acepções do conceito de cultura. Está dito! Não é preciso saber mais nada…agora eu só precisava de saber o que é a Sociologia da Cultura.
Ao longo do semestre, por entre os vários filmes e documentários, ou nas conversas e debates, a cultura foi-nos permeando, mesmo sem por isso darmos conta. Desde os talentos gastronómicos de Babette, ao Tio Gerard de Jacques Tati, passando pela surdez de Beethoven ou pela evolução das representações gráficas das humanidades, tudo contribuiu para que durante as aulas da disciplina nos fossemos aproximando do verdadeiro significado da Sociologia da Cultura.
Assim, a meu ver, estamos constantemente a ser inundados ou mesmo, em certos casos, violados por cultura. E utilizo este termo, porque muitas vezes, mesmo sem querer, somos impostos a uma cultura que não queremos, ou que nem achamos culta. Penso que este será um dos pontos chave do estudo da disciplina. A influência que o mundo à nossa volta (essa coisa chamada sociedade) tem, na cultura de cada indivíduo.
Não conheço um médico, um professor, um arquitecto ou um advogado que não goste de música (mesmo sem gostar). Aliás, todos eles são grandes apreciadores do estilo clássico de Mozart, das “Estações” de Vivaldi ou dos geniais improvisos de Bill Evans. Se a isso estiver associado um James Martins 20 Anos em copo de balão, ou o fumo de um Cohiba, então, o cenário está completo.
Por outro lado, existem muitos trabalhadores da construção civil, canalizadores e electricistas que nem gostam de música e por isso não ouvem. Quando ouvem, é a Cidade ou a MegaHits num passeio de carro de um Domingo à tarde, porque a mulher não suporta o relato do Benfica na Antena 1. Eh pá…se a isso se somasse uma Cristal preta…
Não coloco em questão a verdadeira “genuinidade” de cada escolha, mas é um facto que o meio que nos rodeia condiciona de uma forma quase total, a cultura de uma pessoa.
Senão vejamos, qual de nós gostou da primeira cerveja que bebeu? Ou do primeiro gole de vinho maduro tinto que tomou? Hoje não sou fumador, mas durante uns 15 anos tive o estúpido hábito de deitar fumo pela boca, que, da primeira vez que o fiz, sentado num muro da escola, me fez tossir e ficar enjoado durante duas horas. O que não faz ser persistente…
Então, o que é isto senão uma imposição ou se preferimos, uma clara influência da cultura da sociedade em cada ser individual? Não o posso afirmar com certeza, mas acredito que na mesma altura em que eu e o meu bom amigo Tiago nos engasgávamos com o fumo do nosso primeiro cigarro, noutros locais do planeta, adolescentes provavam a sua virilidade masculina pelo salto dos Vanuatu ou de vacas dos Harmar, enfim, uma forma mais radical de levar um cigarro à boca.
Bom, mas afinal o que estou eu a dizer? Então e o gosto pessoal de cada um? As nossas escolhas pessoais? As nossas vontades próprias? Se afinal de contas, é o nosso meio social que nos “impõe” aquilo que devemos ou não fazer, onde fica o “livre arbítrio” original? Bem, esse continua lá. Cada um de nós tem a opção de escolher aquilo que lhe interessa mais. Aquilo com que mais se identifica. O problema é que essa escolha está também condicionada a tudo o que nos rodeia. De tal forma que, mais uma vez, acabamos por ser “seduzidos” pela cultura dos outros fazendo-a nossa. Mas como é possível não o ser? A comunicação social entra todos os dias nas nossas salas de estar a tentar vender o produto, e consegue fazê-lo de uma forma ainda mais eficaz do que a Nike, a Levis ou a Benetton, nas suas publicidades mais polémicas. Os nossos melhores políticos (ou piores) fazem o mesmo. Até aqui, a Sociologia da Cultura faz das suas. Todos têm a mesma postura. A mesma forma de estar. O mesmo discurso. Até o mesmo cruzar de pernas diante das câmaras. Não há “Pronúncia do Norte” nos políticos. Nem do Norte, nem de lado nenhum. É como se todos eles viessem do mesmo sítio, das mesmas origens, dos mesmos costumes, da mesma cultura. E isso propaga-se. E tolera-se. Pior…imita-se!
De uma forma ou de outra, todos acabamos por ser influenciados pelos padrões da sociedade em que vivemos e crescemos sobre esses padrões. Desde o dia em que nascemos somos influenciados pela cultura da nossa família, alargando-se o espectro, mais tarde, para o nosso grupo de amigos e pelos vários elementos que fazem parte do nosso quotidiano.
Essa é uma característica do Homem, penso eu, desde a origem. E a exemplo de um texto colocado abaixo, pela nossa colega Mariana, sim, de facto todos fazemos parte de um mesmo rebanho, mesmo os que dizem não fazer. E ele há gostos e culturas para tudo!

José Dias
A57263

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