Homogeneidade
do Romantismo nas Artes
O
Romantismo foi um movimento artístico e filosófico que teve origem
no final do século XVIII, permanecendo por quase todo o século XIX
na Europa.
Representou mudanças no plano individual, destacando a
personalidade, a sensibilidade, a emoção e os valores interiores,
caracterizando uma visão de mundo contrária ao racionalismo, que
marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a
consolidar os estados nacionais na Europa.
A busca pelo exótico,
pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica
fundamental do Romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os
paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto.
Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino
aos pólos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para
alguns artistas.
O pintor Inglês William Turner reflectiu este
espírito em obras como “Mar em tempestade” onde o retrato de um
fenómeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos
supracitados.
As primeiras manifestações românticas na pintura
ocorreram quando Francisco Goya passa a pintar depois de começar a
perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como Saturno
devorando seus filhos, por exemplo, apresenta uma série de emoções
para o espectador que o fazem sentir inseguro e angustiado. Goya cria
um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e
pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação
dramática representada.
O Francês Eugène Delacroix é
considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A
Liberdade guiando o povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma
obra que se estrutura em um turbilhão de formas. O tema é ‘os
revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade’
(retratados por uma mulher carregando a bandeira da França). O
artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se
retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa
reserva para os acontecimentos (reflectindo a influência burguesa no
romantismo).
O
Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato
aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público
leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não
estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso,
apreciariam mais a emoção do que a subtileza das formas do período
anterior.
Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou
formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. Os poetas românticos
usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras, frases
directas e comparações. Os principais temas abordados eram: amores
platónicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus
mistérios. As principais obras românticas são: Cantos e Inocência
do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos do Jovem Werther e
Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do inglês William
Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destaca-se
Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre
Dumas.
Na
Dramaturgia o romantismo manifesta-se valorizando a religiosidade, o
individualismo, o quotidiano, a subjectividade e a obra de William
Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram
Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque,
pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos
destacar o teatro de Almeida Garrett.
Na Música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das
emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os
assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista ganham
importância nas músicas.
As primeiras evidências do romantismo
na música aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a partir da
terceira sinfonia, revelam uma música com temática profundamente pessoal e
interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também,
entre as quais é possível citar a Sonata Patética. Outros
compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt,
Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de
Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem
músicas mais de acordo com suas emoções.
A Arquitectura do romantismo foi marcada por elementos contraditórios,
fazendo dessa forma de expressão algo menos expressivo.
Entre os
arquitectos mais reconhecidos desse período destacam-se Garnier,
responsável pelo teatro da Ópera de Paris; Barry e Puguin, que
reconstruíram o Parlamento de Londres; e Waesemann, na Alemanha,
responsável pelo distrito neogótico de Berlim. Na Espanha deu-se um
renascimento curioso da arte mudéjar na construção de conventos e
igrejas, e na Inglaterra surgiu o chamado neogótico hindu.
Em
suma, a arte romântica demonstrou grande importância, mesmo que
indirectamente, em todas as vertentes artísticas, sendo possível
observar até hoje características de seu movimento nas pinturas, na
literatura, e até mesmo no pensamento colectivo, na difusão de suas
ideias, e enfim, na arte de viver.
José Pereira
a65968
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